sábado, 31 de julho de 2010

PREFÁCIO

No momento de descoberta desta obra, assaltaram-me algumas dúvidas sobre a abordagem desejada. Aquela que melhor apresentaria a escrita da autora e que, de alguma forma, manifestaria o prazer da leitura. Dois caminhos surgiram.
Um poderia ser o de pegar na obra, dissecá-la ao pormenor, tentando perceber a intenção da autora, o teor da sua mensagem, procurar entrelinhas as ideias que trespassam pela obra, de modo a engendrar uma teoria sobre a sua mensagem; outro, levar-nos-ia a aproximarmo-nos da obra com a intenção de fruir as páginas que nos aparecem cada vez mais breves, deixando a nossa imaginação vislumbrar as personagens, reconhecendo-as nos seus mais profundos sentimentos e transformando-nos no leitor que se torna, por sua vez, um companheiro de viagem.
É neste último contexto de encontro intimista que surge uma história, uma reflexão sobre o passado de uma personagem que constrói o seu quotidiano num período de envolvência política acesa, conjugando os valores presentes e oscilantes com os adquiridos num meio pequeno, com todos as características e os constrangimentos próprios de uma época em mutação, onde o conservadorismo e a modernidade tendem a misturar-se, sem fronteiras delimitadas.
Poderemos entender esta história como uma aventura de encontros e desencontros, com referências a lugares, personagens, acontecimentos nacionais que serviram de alimento e de suporte ao crescimento da personagem principal.
Lara distingue-se, desde logo, pela vontade de lutar contra um destino que se reconhece marcado por uma força que ultrapassa as barreiras da desigualdade social e territorial. Ao acompanharmos o seu percurso, visualizamos, um pouco, a nossa história como país, num momento crucial que trouxe alterações na sociedade e na construção das gerações que se seguiram.
É um olhar feminino, diferente, que, gradualmente, se apercebe dos problemas de uma sociedade em transformação, das novas preocupações da juventude e das novas formas de se relacionar com o mundo. É uma nova existência que se vai abrindo aos olhos do leitor, deixando antever, para os que não viveram essa época, os temas inquietantes que então afloravam.

Despedimo-nos, então… aparece-nos, também, como uma constante reflexão sobre os diferentes passos da vida, ajudando a construção pessoal das personagens e a aceitação da condição humana nas suas progressivas etapas. Num mundo em mudanças sociais e pessoais, surge um sentimento forte que ultrapassa os condicionalismos da época e que perdura no tempo.
O relato dos encontros dos dois jovens, Lara e António, marca a saudade de uma existência passada, de um amor longo e intenso que surge como o ponto de partida, a vontade de contar e, talvez, de reviver a perda de uma ilusão. Mistura-se a fantasia com a realidade, semeando, no leitor, a dúvida de estar perante o testemunho de um amor real e intemporal.
Aqui, o tempo surge – nos como uma catarse. É a partir dele que entendemos o valor das nossas acções, a força da nossa memória, a importância de momentos passados e a magnificência do nosso futuro.

Despedimo-nos, então… é o recolher de uma vida, o desenvolvimento do sentir e essencialmente do existir, dos sonhos concretizados ou não, lembranças de um momento de suma importância para a narradora.
Situa-nos entre realidades bem distintas, expressas com força, paixão e angústia, fazendo-nos participar no nascimento do sentimento de cidadania plena e activa, na descoberta dos sentimentos mais intensos e pessoais de Lara e na angústia da perda. Perda de uma ilusão ou de várias simultaneamente, sem pudor, sem medo de se revelar, de se desnudar perante o leitor, figura silenciosa que acompanha esta viagem da memória.

Fátima Fernandes



… É um livro que fala de um amor que nasceu com a revolução dos cravos de Abril!
Um Amor simples, sem preconceitos, um amor total e livre, que deixou marcas profundas em Lara e António Eduardo…
É ainda este romance um relato vivo, histórico e documental dos momentos de Abril que marcaram profundamente as vidas das personagens nele retratadas.
Como Lara vieram para Lisboa estudar jovens corajosas à procura de uma vida melhor que só a frequência no ensino superior na capital lhes poderá dar!
Hoje os tempos são outros, diferentes e só através da leitura deste livro é possível perceber as portas que Abril abriu!
Este é um livro que fala de uma juventude que vivi e partilhei com a autora, um tempo que, tal como Pablo Neruda dizia, “confesso que vivi” e, sobretudo como Hannah Arendt refere:
“Por muito que as coisas do mundo nos afectem, por muito profundamente que nos abalem e nos estimulem, só se tornam humanas para nós, quando podemos discuti-las com os nossos semelhantes”.

Maria Paulina Santos

DESPEDIMO-NOS, ENTÃO...

INTRÓITO


Em memória do 25 de Abril…
Em memória da Revolução dos Cravos…
Em memória de um grande amor…
Tal como a outra Lara, também tive um “ Dr. Jivago” na minha Vida.
Talvez não tão belo, alto, forte, amante, como o actor que fez o papel principal do filme.
Porém, de igual forma moreno, cabelo negro aos caracóis, olhos brilhantes, luminosos, de um azeviche intenso e com um sorriso encantador e inexcedível.
Por ele me apaixonei tão furiosa e prolongadamente, que esse amor percorreu toda a minha existência…
Um dia, inesquecível da minha memória… despede-se de mim de lenço branco na sua mão direita, dizendo-me Adeus para sempre…
Desde então, olho o horizonte, na esperança da sua chegada, negando-me a aceitar que um amor tão grande não possa ser eterno…

LARA
Agosto de 2003



Mas paixão, amor sincero, puro e simples, sem tabus nem preconceitos, só existe um, que jamais esquecemos, o nosso primeiro amor.
Mas também existe um outro igual, aquele a quem nos entregamos, a quem nos damos a vida inteira, o que esteve connosco nos momentos tristes e alegres da vida: o da mulher, companheira, que nos suporta as agruras, os desgostos, os sofrimentos e desilusões quotidianas.
Reconheço isso. Agradeço isso.
Agradeço a Deus por ter encontrado uma companheira assim: que me critica quando devo ser criticado e me ama quando necessito de amor.
Agradeço a Deus por te ter conhecido na minha juventude e pelo amor que te dei e me devolveste.
Não me arrependi um só único minuto da minha vida…
Nunca me arrependerei…
Perdoa-me, se não fui para ti o que desejavas que eu fosse.
Mas acredito que Deus, traçou o melhor caminho para mim e para ti.
Eu estou bem assim.
Quero continuar assim.
Compreende-me…
A vida mudou. Tudo mudou. Nós mudámos.
Sem rancores, ódios ou vinganças, mas com saudade e amizade profunda, desejando-te as maiores felicidades para a tua vida, volvidas estas três décadas,
Despedimos, então…

ANTÓNIO EDUARDO
Maio de 2005

Despedimo-nos, então...

APRESENTAÇÕES PÚBLICAS


PRIMEIRA APRESENTAÇÃO: Fundação “Os Nossos Livros” – Bragança
Dia 4 de Setembro de 2009






SEGUNDA APRESENTAÇÃO: Livraria Almedina – Shopping Center de Vila Nova de Gaia – Porto
Dia 5 de Dezembro de 2009




TERCEIRA APRESENTAÇÃO: Livraria Rosa D`Ouro – Bragança
Dia 11 de Dezembro de 2009







QUARTA APRESENTAÇÃO: FNAC – Rua de Santa Catarina – Porto
Dia 9 de Março de 2010






QUINTA APRESENTAÇÃO: Centro de Ciência Viva – Casa da Seda – Bragança
Dia 23 de Abril de 2010 – Dia Mundial do Livro