Com a elaboração deste blogue pretendo trocar experiências, ideias e conteúdos na aprendizagem da escrita e da poesia.
domingo, 2 de dezembro de 2012
LARA DE LÉON
DERIVAÇÕES DO SER
VOLUME 2
LIVRO 4 – SOBRE O AMOR E A VIDA
POESIA
1. 25 DE ABRIL, SEMPRE!
Uivos de ventos em mares tenebrosos
surgiram ontem entreabertos nas janelas,
e brotaram hoje, em sol de verde esperança
dentro de mim, de ti, deles e d`elas.
Valores de família e fado em canções,
estilhaços luminosos de uma espera serena,
como cravos vermelhos em rubros corações,
amor de nós, Grândola, vila morena!
Sementes doces germinando e a nascer
de folhas, plantas e frutos a crescer,
aqui ontem, amanhã agora.
Ação da palavra liberdade.
De hoje, crua realidade,
e (a) de outrora?
Terá de haver mais 25 de Abris!
Pelas dores que sentes, calas e ris!
De futuro, tempo de esperanças(?)
que são as crianças,
nossos filhos, sobrinhos e netos.
25 de Abril da liberdade,
quisera que de novo viesses,
para em mim, em ti, em nós
de novo esperança nascesses:
“De paz, pão, saúde e educação”!
2012.04.25
2. SAL DA TERRA
Sonho de vida e de amor…
De alguém que de mansinho viesse,
te abraçasse e baixinho dissesse:
Como eu te quero, meu amor.
És o meu sol, a minha lua,
minha vida, meu encanto.
És tudo o que quero e sonhei pra mim.
És aquilo que um homem quer tanto!
És meu riso e meu canto,
flor rubra em seio de verde esperança
e luz brilhando em branco jasmim!
És meu sal da terra,
Minha gota de água no deserto.
Meu coração tão longe e tão perto!
2012.06.14
3. EM BRANCO DESERTO
Tal combóio perdido em branco deserto,
assim está meu coração hoje.
Veloz, geme e grita solitário pra ficar perto,
da planície da vida calorosa e sentida em ti.
Ou nele. Ou noutro. Ninguém é certo!
Como navio abalroado e, no mar perdido,
perante o nada, a desilusão, a angústia
de cânticos e salmos de perdição, ofendido.
Ó verdes florestas, sol doirado, dia amado.
Ó noite escura, dolorosa, onde estás?
És como lua brilhante e sol apagado!
Liberta tua alma em água ressequida,
de brumas paisagens que encobres em ti,
e, solta suspiros de alegria, à vida!
2012.06.14
4. RESILIÊNCIA
Bate doce coração atropelado,
de angústia, dor e medo.
Não se conta, nem se está preparado,
para sentires teu corpo anestesiado.
Pensamento ausente,
vontade amorfa, inerte,
não sabes o que é estar presente,
de noite, dia, ou com sol nascente.
Obtusidade melancólica do ter,
parado no tempo e no espaço,
à beira da loucura do teu imenso ser…
Após vivenciares tudo na dor,
ficas tão forte como o aço,
que só queres experimentar um novo amor!
2012.07.26
5. FOLHA DE PAPEL AMACHUCADA
Como folha de papel branca, lisa
e brilhante, assim era meu coração,
num tempo infindo de vida,
construído em esperança e emoção.
Trabalho, estudo, amor e também lazer,
havia um caminho longo a percorrer
em fé e futuro a crescer,
que abrangia de alegria todo o teu ser.
Mas, no ignóbil desconhecimento
do amor de mãe que tudo abrange,
os silêncios mudos, o isolamento
egocêntrico dos teus sonhos,
a frieza racional do sentimento,
desígnio perverso de comportamento,
atitude de ausência, mais, indiferença!
Amachucaste essa folha branca de papel
de amor, e, partiste esse coração…
Agora, por mais que peças perdão,
a folha lisa de papel não voltará a ser mel,
mas será sempre, verdade e dignidade!
2012/08/23 (1 mês depois)
6. PARADO NO TEMPO
Parado no tempo,
nada é teu pensamento:
não vês, não falas, nem pensas.
És ausência apenas.
Flutuando no ar
em angústia a assolar,
de desesperança e desamor.
A desilusão
do que não esperavas, em vão.
Vives esta amargura na dor
e sofrimento, mas a esperança,
é também dor,
porque procuraste
e não encontraste.
Que esperas, então?
2012.07.29
7. CÂNTICO DOS ANJOS
O meu cântico dos anjos é para Ti
Senhor da terra, do mar, do ar
de nós, pobres seres humanos
que em esperança aguardamos
por Ti. Sonhos de futuro passado
em presente, que não existiu.
Querer, não é poder, nem ter.
Nem viver o que é amado.
Soletrar a vida a cada instante
e minuto em Ti, por mim.
Ver o além no agora distante,
do presente incerto ferido
de ontem, e hoje, tido.
Querer não, porque tudo
O que precisas, tens!
2012.07.29
8. NOITE HÚMIDA E FRIA
Se de ti o desprendimento
chegasse com arrependimento
sentido, vivido ansiosamente,
e, da vontade de mudares amargamente,
em tal noite ouvida, ressoando,
húmida, fria, angustiante,
de quebrar silêncios descansadamente,
de dias stressantes e quotidianamente
trabalhosos, árduos, ruidosos,
como tambor e bombo atroando
nos ares, tal gaita de foles,
num desafio rodopioso
a infernizar-me furioso,
mais e mais, chiando plangentemente,
num som diferente, regaladamente,
na penumbra desmedidamente,
e da consciência doloridamente,
de mim, de ti, de nós…
Ó noite húmida e fria,
que quereis vós?
Levar-me à loucura?
2012.09.21
9. ANJO DA MALDADE
Na pequenez do ser disfarçado
em anjo, trazendo dentro de si
a pequenez ignóbil, a maldade,
da afoita mentira e mediocridade
de futuro, presente e passado.
Sentes-te faminta de justiça,
de sinceridade e verdade.
Sentes a prisão em vil ditadura
de valores, sentimentos, quereres,
orgulhos de protocolos incómodos,
falsos, aparências efémeras,
de seres mesquinhos,
que não vêm a sua diminuta pequenez.
Pensam ser donos da verdade,
do saber e do querer,
mas não passam de pura falsidade
na busca ansiosa do ter,
e, nessa droga chamada poder!
Quero ser livre! Sou livre!
De ter a juventude em mim,
para começar tudo de novo, sim!
2012.09.24
10. PEQUENO RATO DITADOR
A truculenta falsidade emana,
de teu pequeno e mísero ser,
tal rato em toca escura ter
nas entranhas da terra. Chama
a luz do sol, a luminosidade,
em vão, está negro como breu,
em amizade e solidariedade.
Mísero rato! Mísero ser!
Imperam em ti o ódio, a falsidade,
a vingança da frustração
das profundezas, a maldição
infernal, na busca do poder!
Dizes que queres luz, igualdade,
ousando palavras doces e meigas,
enganando os incautos, a saber:
a palavra ASNO em testa ter,
como se a inteligência se instalasse,
invadisse teu corpo e único ser,
e, aí parasse!
A mentira é sopro de fracos,
mesquinhos, medrosos e falsos,
que em ditadura se vestem,
dominando o povo que, por esperança,
cala, chora, sofre e dança,
na luta pelo pão, que não tem.
2012.09.24
11. QUISERA TER PAZ
Quisera meu Deus que esta ansiedade
acalmasse meu peito chorado e dorido.
Quisera ter paz e encontrar a verdade,
e me reencontrasse de novo Contigo.
Quisera abrandar este coração amargo,
e acalmasse esta fúria que em mim trago.
Quisera ter alegria e esperança,
acreditar e amar novamente…
Quisera abraçar-Te com meus olhos
cansados em busca de bonança,
sintonizando esse amor eternamente,
lampejado de raios de sol constantemente
e cheirando perfumes de restolhos
maduros e brancos, em tempos
de recomeços, verdade e paz!
Quisera meu Deus!
2012.09.24
12. RECOMEÇAR DE NOVO
Quero gritar cânticos de alegria,
chamar a amizade, o amor, a coragem.
Quero que a luz ilumine este dia
em meu peito de dor, voragem,
sofrimento, cansaço e lágrimas ressequido.
Quero meu rosto branco iluminado
e em teu ombro amigo repousado.
Quero chamar a alegria do amor.
Recomeçar de novo, ser feliz!
Agradecendo cada dia e noite na dor
passada em lágrimas vivida.
Quero tanto, tudo ou nada,
neste mundo de esperança agora, vida!
2012.09.24
13. FELICIDADE SONHADA
Sinto que a felicidade me procura
e, uma nova vida com alegria
vai começar para mim, agora.
Em agradecimento passo meu dia a dia,
envolvida em abraços, colo e mimos,
no percurso de belos e lineares caminhos.
Ouso alegria e cânticos de amor,
numa ânsia de paixão e dor
tal felicidade sonhada,
como noivo em braços d`amada.
2012.10.01
14. NOT RESPONDING
Não responde. Não quere. Não faz.
Outlook, não vês que é urgente trabalhar!
Não inventes, nem queiras problematizar,
já que isto “não é tanto faz”!
O dia corre veloz e as manhãs
nem as vês, de tanta ocupação!
Mas tu insistes em teimas sãs,
sobressaltando toda a sua atenção.
Continuas dizendo, mas não responder.
“O ficheiro não foi fechado correctamente”,
Insistes, e tu, com urgência queres ter
resposta ao que chega certamente
hoje, ontem e logo, ou talvez amanhã.
Outlook, vê no que nos meteste,
parece que vontade e palavras comeste!
Faltam 20 segundos, 55 segundos, dizes,
e, nem te apercebes da impaciência
que surge naquele rosto de romã
vermelha de raiva que em sua aparência
esperou cansado pensando em dias mais felizes
e na grande vontade desse salto de rã
que paraste no tempo e no espaço
em desejos de começar com urgência.
Em vão. Nem envios, nem recebimentos.
Ó, como fogem meus pensamentos!
E tu: “Está a ser verificada a existência
de problemas no ficheiro”.
Ó Deus meu, que paciência
de Santeiro!
2012.10.01
15. ILUSÕES PERDIDAS
Ilusões perdidas
no quotidiano da vida que percorres
e, em momentos incertos, encontradas.
Momentos de cada instante
impensados, mas existentes,
que não procuras, mas encontras.
Na azáfama dos dias que passam,
a momentos que não vês, mas sentes.
Nas pequenas querelas que nada são,
na falsa amizade e desilusão,
na tristeza de uma paixão, em vão.
Nas desavenças familiares,
de quereres particulares
resultantes de desencontros
e objectivos não concretizáveis,
de sonhos diferentes, diversificados,
e não olvidados!
És livre, dizes?
2012.10.12
16. NÃO QUERO ESTE PAÍS AMARGO
Não quero este País amargo,
de desemprego, de fome, de miséria,
de dívidas a pagar, não quero!
Quero um País com paz e liberdade,
abundância para todos em pão,
saúde, esperança, igualdade.
Um País de sonhos e habitação,
fantasia, carinho e concretizações,
trabalho, dádiva e solidariedade.
Quero um País de doces corações,
em amizade, amor, mas sem ilusões
no verde e rubro da Pátria amada,
coragem e esperança que te é dada
a cada hora e dia diversificados,
mas nunca, nunca olvidados!
Ó, não quero este País amargo!
2012.10.27
17. VIOLENTAS AS PALAVRAS
Violentas as palavras, os sonhos, a vida,
nessa vigilância fausta e impaciente
e de uma solidão dos dias tida,
assombrada, de alegria incoerente,
pela plácida e tumultuosa expectativa
de embalares raízes de palavras
silenciosas, insinuosas e dadas
angustiadamente e experimentais,
em dias de choro e ais,
de fome e sede de vida,
água, vinho, fermento, pão e alegria,
esperança de uma ingenuidade rutilante,
como dias percorridos em velocidade alucinante
e memórias fracassadas nos amontoados
das palavras e sons descontados
como processo descontínuo e desnorteante,
simbólico, surrealista e magnético
num abraço solto e frenético.
2012.10.29
18. TEMPO ABUTRE
Mergulha temeroso o tempo abutre
perpassando fimbrias de terror
no desendeusar limoso da infância
e na maternal ideia platónica do amor.
Extravasas evasivas expectativas,
em perenes e negros esvoaços de aves
por desertos e oásis pantanosos
e saliências de montes insidiosos.
O querer, o sonho, o ideal, os risos,
são teus, meus, de cada um!
A desilusão aconteceu hoje, dia um
de mais de sete milhares havidos
e entregues em amor e esperança
passada a sépia e translúcida lembrança.
Por mais que sonhes e queiras, não
és tu, nem ele, nem nós, então!
Ó minha vida, que fiz eu de ti?
Porque tanto chorei e sofri?
2012.11.13
19. TECE A FÉ E A CORAGEM
Tece a fé e a coragem neste dia,
em vez de matéria onírica insidiosa,
calcorreada como alegoria
e, vivida em idiossincrasia duvidosa.
Pensa em sonhos a aflorar,
num beijo e num abraço debruado,
querendo e tendo a quem amar,
tal sono de criança vigiado.
Olvida a ação e vontade irrefletida
e vivência de um passado penoso,
nesse sobressalto de alma dorida
percorrendo um caminho duvidoso.
Crê na colheita de bens a inventariar,
acreditando no presente do verbo amar
e somando-o ao ensejo de dar,
Para receberes vida a encetar.
2012.11.14
20. PAIXÃO TARDIA
Quero amar apaixonadamente,
entregar-me a ti perdidamente,
quero que sejas meu
e eu ser tua, loucamente,
agora e, sempre!
Quero viver-te a cada instante,
pensar-te em sonho constante,
quero ser tua
e tu seres meu, diariamente,
ontem, hoje, e, sempre!
2012.11.14
21. ÉS O MEU SOL
És meu sonho, meu querer,
minha vontade, meu ter.
És meu encanto, meu pranto,
minha vida, meu canto.
És meu sentido, minha fé,
minha terra, meu mar.
És o meu sol doirado até,
minha luz, meu luar.
És a minha liberdade,
minha doce reclusão.
És minha felicidade,
e, esta imensa paixão.
2012.11.14
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